Hoje estou iniciando uma série de comentários referentes a músicas e álbuns marcantes na minha história, como eu disse “minha história”. Serão citações a trabalhos que me mudaram de alguma forma ou que eu julguei serem relevantes no movimento musical. Adianto que todos os comentários têm como base minha visão pessoal, não sendo assim, nenhuma verdade absoluta sobre o assunto, muito pelo contrário, o objetivo é instigar a quem ler o artigo a pesquisar ouvir e ter sua opinião, aos mais jovens alguns temas serão abordados com o foco da época, dessa forma espero tornar a compreensão da importância do fato mais simplificada.
Então vamos lá minha primeira vítima será...
Música: “Brothers in Arms” do Dire Straits.
O ano era 1985, eu tinha meus 10 anos de idade e um gosto musical adiantado para a idade, pois sou o caçula de cinco irmãos e com uma diferença de idade de pelo menos 8 anos para os demais, dessa forma minha infância era regada por musicas ouvidas por meus irmãos adolescentes, o cenário era favorável pois muita gente boa tocava naquela época o pop era rico em qualidade, Cyndi Lauper, Bonnie Tayler, Michael Jackson, Madonna, por outro lado as estações de FM eram diferentes de hoje, a programação era toda volta para os sucessos internacionais raramente um som nacional, que na época , também era diferente. Os clipes, ah os clipes, cada um que só vendo mesmo, todos gringos, nacional nem pensar, MTV só nos EUA, vivíamos de programas de TV especializados em clipes, Super Special na Band, Clip Trip na Gazeta, Som Pop na Cultura, etc... , eu não perdia um.
Alem de ouvir musica eu desenhava, rsrs, naquelas né, gostava de HQs e toda criança ameaçava seus desenhos, eu gostava de apreciar gravuras principalmente as feitas apenas com grafite, e eis que então entre os Clips que eu via surge um todo com efeitos simulando desenhos a grafite, com imagens de uma banda e de uma guerra se intercalando, tendo o mar como palco, destaques para a mão e a guitarra do instrumentista, estava ali uma combinação perfeita para mim, musica, desenho, mar e a alem de tudo a musica era muito boa, de uma serenidade incrível, uma execução perfeita e precisa com guitarras bem evidenciadas o que me fez tomar gosto por tal instrumento também, ali eu estava me transformando no que sou hoje, um apreciador de guitarras distorcidas e arranjos bem elaborados, alguns chamam de roqueiro, mas vai alem disso. A música chamava-se “Brothers in Arms”, a banda era Dire Straits, com Mark Knoplfer nos vocais e guitarras, com seu jeito peculiar de tocar, peculiar mesmo, pois ninguém trabalhava palheta e dedos da mesma forma, comecei a me interessar por toda informação que surgia da banda e daquela música, ela pertencia ao álbum homônimo daquele mesmo ano, álbum que depois vim a ouvir completo e possui musicas maravilhosas como a clássica “Money for nothing”, com guitarras e efeitos espetaculares (abaixo lista de todas).
“Brothers in Arms” possui algumas versões, afinal a original tem 7min, o que foge aos padrões de radio difusão, mesmo assim ela não se tornou uma musica pequena, pois sua versão curta para execução em rádios e TVs tem 6min05seg, são tirados alguns trechos de solos de guitarra, portanto prefira ouvir a versão original, em uma coletânea recente ela passou a ter 4min55seg, um crime com o som. Knoplfer sempre usou uma Schecter Stratocaster, mas nessa canção mudou para um Gibson Les Paul, por sua sonoridade mais suave, o resultado só ouvindo e comparando com outras musicas da banda para perceber a diferença.
A partir dali eu era um ouvinte diferente daquele de antes, não ouvia simplesmente o que me davam para ouvir eu escolhia, ouvia julgava se gostava e ouvia novamente se merecesse, ali nascia um apreciador de boa música (pelo menos ao meu gosto, rsrsrs).
O álbum foi gravado entre 1984 e 1985 e lançado em maio de 85 (por coincidência meu aniversário é em maio) pela Warner Brothers, produzido pelo Mark Knoplfer e Neil Dorfsman, foi o primeiro a adotar recursos digitais para gravação, masterização e mixagem o que deu uma qualidade enorme ao som do disco, que foi um dos primeiros a ser lançado no formato de CD, até então os bolachões de vinil (LPs) reinavam absolutos.
Eis um exemplo de como uma única musica pode mudar todo o comportamento de uma pessoa, outras musicas daquela época foram marcantes no meu comportamento mas isso é uma outra história, quanto ao Dire Straits... Voltarei a falar deles principalmente de “Money for Nothing”. Até mais...
Obs.: Ouça no volume máximo!!!
Brothers In Arms.
(todas as letras de Mark Knoplfer, exceto “Money for Nothing” com pequena participação do Sting)
1. "So Far Away” - 5:12
2. "Money for Nothing" (Knopfler, Sting) - 4:39
3. "Walk of life" - 4:12
4. "Your Latest Trick" - 3:33
5. "Why Worry" - 5:21
6. "Ride Across the River" - 4:49
7. "The Man's Too Strong" - 4:40
8. "One World" - 3:40
9."Brothers in Arms" - 7:00
